O que saber sobre ‘Eloá, o Refém: Ao Vivo na TV’

O que saber sobre ‘Eloá, o Refém: Ao Vivo na TV’

O que saber sobre ‘Eloá, o Refém: Ao Vivo na TV’

Eloá, a Refém: Ao vivo na TV, um documentário lançado em 12 de novembro na Netflix, investiga um caso que atingiu São Paulo, Brasil, em outubro de 2008, quando Lindemberg Alves, de 22 anos, manteve Eloá Pimentel, de 15 anos, como refém em seu apartamento no Brasil.

Pimentel morreu em 18 de outubro de 2008, após Alves atirar nela. Mas sua voz aparece ao longo do filme, através de trechos recém-compartilhados de seu diário. O documentário também traz imagens da multidão que se reuniu do lado de fora da janela do apartamento de Pimentel em Santo André, São Paulo, à medida que se espalhavam notícias de que ela estava sendo mantida como refém, e entrevistas exclusivas com sua família, um amigo, policiais que trabalharam no caso, e jornalistas brasileiros que cobriram o incidente.

Aqui está o que você deve saber sobre por que a crise dos reféns começou e como ela se agravou.

O que levou ao sequestro de Eloá

Pimentel namorou Alves e a certa altura falou dele em seu diário, escrevendo: “Nunca pensei que amaria alguém do jeito que o amo”.

Mas as entradas subsequentes revelam que Alves muitas vezes agia de forma fria e ameaçadora, e discutia constantemente com ela. Em seu diário, Pimentel ora pedindo forças, escrevendo: “Jesus, me ajude, estou passando por uma prova. Quero desistir. Senhor, resolva isso. Cuide de mim”.

Uma amiga entrevistada no documentário conta que Pimentel parou de sair de casa porque Alves tinha ciúmes de ela ficar com alguém que não fosse ele.

Eloá Cristina Pimentel on Oct. 15, 2008. Robson Rernandjes—ES/Commons

“A relação começou a ficar sufocante”, diz a diretora Cris Ghattas. “Começou a se tornar uma questão de posse em vez de amor.”

Pimentel decidiu terminar com Alves em algum momento de 2008. Sentindo que se não pudesse tê-la, ninguém mais poderia, Alves fez Pimentel como refém em 13 de outubro de 2008, em uma tentativa extrema de impedi-la de conhecer outras pessoas. “Lindemberg não aceitava o fim do relacionamento com Eloà”, diz Ghattas. “Ele sentia que ela era propriedade dele.”

Ghattas quis incorporar o diário de Pimentel ao documentário como forma de “dar a voz que ela não tinha no momento” em que foi feita refém e retratar sua força, para evitar “reduzi-la a uma vítima silenciada de feminicídio”.

Como Eloá foi resgatada

A cena da crise dos reféns tornou-se um reality show. Moradores de São Paulo aglomeraram-se no prédio para ver se conseguiam avistar Pimentel e Alves, seu captor. Jornalistas ligavam para o apartamento e Pimentel atendeu o telefone, dizendo que estava tudo bem e para dizer à mãe que a amava.

A polícia usou Douglas, irmão mais novo de Eloá, para conversar com Alves. “Você sabe que estive ao seu lado esse tempo todo”, disse Douglas a Alves, segundo gravação do telefonema apresentada no documento. “Você vai ficar bem.” Alves pode ser ouvido dizendo que não pode sair, que se sair terá que ir para a cadeia.

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Lindemberg Alves Fernandes, 25 anos, é visto no primeiro dia de julgamento em 2012. Thales Stadler-AP

Cinco dias e 100 horas após o início da crise dos reféns – a mais longa crise de reféns em São Paulo – Alves queria um documento assinado garantindo seu bem-estar físico caso ele se rendesse.

Um promotor apareceu, redigiu o documento, assinou, levou para a lateral do prédio e mandou subir com uma corda.

Em um telefonema para a polícia, Alves ordenou que invadissem o apartamento.

A polícia colocou explosivos na porta, que estava barricada por uma mesa e uma estante. Dentro do apartamento, descobriram que Alves havia atirado em Pimentel. Ela morreu devido aos ferimentos em 18 de outubro de 2008, cerca de um dia depois de ser resgatada.

Se a polícia poderia ter feito mais para salvar Eloá

Ghattas diz que as autoridades tentaram negociar por muito tempo antes de invadir o apartamento. Na verdade, pouco depois de a crise dos reféns ter sido conhecida, um atirador acampou no edifício em frente ao apartamento onde Pimentel estava preso, mas nunca lhe foi dada autorização para disparar.

Ghattas argumenta que a polícia não acreditava que Alves se tornaria violento, que ele era apenas um amante desprezado que mudaria de ideia. Na verdade, ele a sequestrou porque “decidiu matá-la”, diz Ghattas.

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Teenagers react during the funeral of Eloá Cristina Pimentel in Santo Andre, outskirts of São Paulo on Oct. 21, 2008. Paulo Whitaker – REUTERS
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Uma mulher comparece ao funeral de Pimentel. Paulo Whitaker – REUTERS

“Eles apostaram na tática de negociação e, com o tempo, começaram a perceber que não seria suficiente… e perderam o controle”, diz Ghattas. “Acredito que a vida de Eloá poderia ter sido salva se, desde o início, houvesse um entendimento mais claro de que não se tratava de uma negociação entre dois jovens apaixonados, mas sim, de um caso de violência de gênero e de feminicídio iminente.”

Embora esse caso tenha ocorrido no Brasil, Ghattas diz que há uma lição que repercutirá no público em todo o mundo: “Gostaria que o público entendesse que a responsabilidade é coletiva: de uma sociedade que muitas vezes minimiza os sinais de abuso, da cobertura da mídia que transformou o episódio em um espetáculo – em prol das classificações – e das falhas institucionais que contribuíram para o desfecho trágico. Revisitar essa tragédia é uma forma de refletir sobre quem somos e como podemos agir de forma mais consciente”.

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