O chefe da La Liga, Javier Tebas, diz que o jogo cancelado nos Estados Unidos é uma oportunidade perdida
Quando a La Liga anunciou planos para realizar um jogo do campeonato entre Villarreal e Barcelona em Miami, apresentou a ideia como um passo ousado – que aumentaria a visibilidade do futebol espanhol, melhoraria o perfil dos seus jogadores e fortaleceria a marca do desporto num importante mercado internacional.
O projeto, totalmente compatível com os regulamentos da federação e com a integridade da competição, foi concebido como uma nova fronteira para um jogo que busca relevância global.
Mas a polémica que se seguiu mostrou até que ponto o futebol espanhol ainda está longe de falar a uma só voz.
A forma como o cancelamento foi tratado deixou marcas profundas. O Villarreal sentiu-se surpreendido, dizendo que o momento prejudicou a sua imagem e a da competição. “Descobrimos 10 minutos antes do início do jogo (no jogo de terça-feira em casa pela Liga dos Campeões contra o Manchester City)”, disse uma figura importante.
Entre os críticos mais veementes estavam os próprios jogadores – argumentando não contra o conceito, mas contra o processo. Há meses que perguntavam como funcionaria a logística: Haveria 72 horas de descanso entre os jogos, conforme combinado? O seguro os cobriria no exterior? Qual é a distribuição do pagamento?
Quando as respostas nunca chegaram, as equipes realizaram protestos simbólicos. A mensagem deles era simples: ouça-nos.
Em toda a Espanha, a oposição cresceu rapidamente. Muitos clubes expressaram dúvidas, a mídia questionou a transparência e a lógica do projeto e os detalhes sobre como – ou se – os clubes seriam compensados permaneceram obscuros. O Villarreal chegou a declarar publicamente que não receberia nenhum dinheiro do negócio, enquanto o Barcelona insistia que estava sendo pago desde o momento em que embarcaram no avião para Miami.
Entretanto, o Real Madrid intensificou a sua oposição, apresentando uma segunda queixa ao Conselho Nacional do Desporto de Espanha (CSD) para bloquear o jogo de Miami. O clube argumentou que jogar uma partida da liga no exterior “violaria a justiça competitiva”.
Um novo debate começou. Uma coisa é alterar a competição, outra é adulterá-la ou corrompê-la – a La Liga aceita a primeira sugestão, mas não a segunda.
No meio deste cabo de guerra jurídico e institucional, a federação espanhola ofereceu o seu apoio, enquanto o governo caminhava cautelosamente pelo labirinto regulamentar, esperando para ver como os acontecimentos se desenrolariam.
Para La Liga, Villarreal e Barça, a recusa em seguir em frente representa mais do que apenas um jogo cancelado: é um revés no esforço para construir novas fontes de receitas e manter a competitividade internacional.
A liga insistiu que o projecto visava gerar valor a longo prazo para todas as partes interessadas – clubes, jogadores e adeptos – através da abertura de novas avenidas comerciais e desportivas no estrangeiro. Enfatizou que a expansão internacional continua a ser vital para garantir a relevância global do futebol espanhol.
A experiência de Miami mostrou que o futebol espanhol, apesar de todo o seu talento e ambição, ainda não está pronto para dar esse salto – para um futuro que parece irresistível para alguns, e imparável para muitos.
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