Cientistas desvendam o mistério centenário da explosão semelhante a um canhão que emana do lago
Durante séculos, os cientistas ficaram intrigados com o misterioso fenômeno conhecido como “Arma de Sêneca”, um forte estrondo que emana do Lago Seneca, em Nova York.
Registros de fortes explosões ouvidas no Lago Seneca datam do século XVII, mas já haviam se tornado objeto de mito e folclore muito antes disso. O povo Sêneca, uma tribo nativa americana que vivia ao redor do lago, acreditava que os estrondos eram a voz de um deus irado com os guerreiros que haviam contaminado seus campos de caça sagrados, enquanto os primeiros pioneiros acreditavam que eram tambores tocados pelos espíritos dos soldados que perderam a vida na Guerra pela Independência. Somente no século 20 é que as hipóteses científicas começaram a surgir, mas nenhuma delas foi confirmada até 2025, quando uma equipe de pesquisadores utilizando equipamentos avançados mapeou o fundo do Lago Seneca.
Foto: Scieri12/Wikipédia
Por um longo período de tempo, as explosões do Lago Seneca, também conhecidas como “Armas Sêneca” ou “Tambores Sêneca”, foram um mistério que nenhuma lei da natureza poderia explicar. Mas em 1934, o geólogo alemão Herman Fairchild propôs a “hipótese da erupção subterrânea de gás”, que sugeria que o gás metano preso no subsolo irrompeu através do leito do lago, produzindo um som explosivo quando rompeu a superfície da água. Acabou sendo uma explicação muito precisa, mas que não pôde ser provada na época.
As tentativas de encontrar a causa dos fortes estrondos continuaram ao longo do século 20, com alguns pesquisadores usando medições do lago por sonar e outros contando com equipamentos de detecção de gás, mas o fenômeno foi tão aleatório e repentino que ninguém foi capaz de fornecer uma explicação completa. Isso mudou com uma operação de pesquisa de campo realizada no Lago Seneca entre 2018 e 2024.
O objetivo original da expedição de pesquisa era documentar em alta resolução os destroços de navios a vapor do século XIX e outros navios que jaziam no fundo do Lago Seneca, mas com a ajuda de equipamento avançado, também descobriram mais de 140 “marcas”. O diâmetro destas enormes depressões variava de várias dezenas a várias centenas de metros. Os cientistas suspeitavam que a topografia incomum no leito do lago estava ligada ao fenômeno Seneca Guns, mas a confirmação veio no início deste ano.
Uma equipe conjunta de cientistas da Escola de Ciências Ambientais e Florestais da Universidade Estadual de Nova York e da Universidade Cornell coletou amostras de água e sedimentos de vários locais no fundo do lago para analisá-los quanto à presença de gases geológicos como o metano. Depois de analisar os dados, eles finalmente confirmaram a “teoria da erupção gasosa subterrânea” proposta por Fairchild em 1934.
Aparentemente, o gás acumula pressão no subsolo durante um longo período de tempo e, quando atinge o limite, rompe o fundo do lago e é liberado de uma só vez. Quando as bolhas gigantes sobem à superfície e explodem, elas criam uma onda de choque que produz um som baixo e estrondoso semelhante a um tiro de canhão.
Curiosamente, a área de Seneca também é famosa pelo maior rebanho de veados brancos do mundo.
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