Os cientistas acabaram de descobrir o que realmente está acontecendo sob este vulcão misterioso
Como funcionam os vulcões sob suas superfícies rochosas? O que impulsiona as vibrações estrondosas, chamadas tremores, que ocorrem quando rochas ou gases derretidos sobem através de canais subterrâneos? A professora Dra. Miriam Christina Reiss, sismóloga vulcânica da Universidade Johannes Gutenberg de Mainz (JGU), e seu grupo de pesquisa rastrearam esses sinais de tremor abaixo do vulcão Oldoinyo Lengai, na Tanzânia.
“Não só conseguimos detectar o tremor, mas também determinar a sua posição exacta em três dimensões – a sua localização e profundidade abaixo da superfície”, disse Reiss. “O que foi particularmente impressionante foi a diversidade de diferentes sinais de tremor que detectámos”.
O trabalho da equipa oferece uma nova visão sobre como o magma e os gases se movem dentro do planeta e pode ajudar os cientistas a compreender melhor o comportamento vulcânico. A sua investigação também tem importância prática, pois um dia poderá tornar as previsões de erupções vulcânicas mais precisas. As descobertas foram publicadas em Comunicações Terra e Meio Ambiente.
Tremor como uma janela para a atividade vulcânica
Quando o magma sobe das profundezas da Terra, pode fazer o solo tremer. Sob alta pressão, o magma pode rachar as rochas circundantes, produzindo terremotos. Outros movimentos criam vibrações contínuas e mais fracas, conhecidas como tremor. Estes ocorrem quando o magma atravessa os condutos existentes, quando as bolhas de gás escapam ou quando a pressão flutua dentro dos canais vulcânicos.
“Para a sismologia dos vulcões, é extremamente interessante estudar estes sinais e tipos de ondas que surgem quando o magma se move abaixo da superfície”, explicou Reiss. A sua investigação centra-se em duas questões principais: onde exactamente começa o tremor e o que causa a sua formação? As respostas revelam pistas importantes sobre o estado interno e o nível de atividade de um vulcão.
Reiss e seus colegas monitoraram Oldoinyo Lengai durante 18 meses usando uma série de sismômetros posicionados ao redor do vulcão para registrar as vibrações do solo. De volta a Mainz, eles analisaram detalhadamente um segmento de dados de nove semanas. “Pela primeira vez, conseguimos determinar o local preciso onde ocorre o tremor”, disse Reiss. “Descobrimos que dois tipos de tremor parecem estar ligados: um originado a cerca de cinco quilómetros de profundidade e outro perto da base do vulcão – com um intervalo de tempo entre eles. É claro que estes sinais estão ligados, por isso vemos aqui um sistema diretamente ligado.” A variedade de sinais de tremor que observaram foi inesperadamente ampla, sugerindo que as vibrações vêm de diferentes partes do vulcão com condições físicas e processos distintos em funcionamento.
Oldoinyo Lengai é diferente de qualquer outro vulcão do planeta. É o único vulcão carbonatítico ativo do mundo, produzindo lava que é invulgarmente fluida e relativamente fria a cerca de 550 graus Celsius, em comparação com os 650 a 1.200 graus típicos da maioria dos magmas. “Os resultados foram particularmente surpreendentes porque o magma é muito fluido. Esperávamos poucos ou nenhum tremor, pois a interação com a rocha circundante seria provavelmente mais fraca”, observou Reiss.
Avançando a Ciência da Sismologia Vulcânica
Os resultados da equipe marcam um passo importante na compreensão de como o magma se move dentro dos vulcões. “O tremor ocorre sempre que o magma está em movimento – inclusive antes das erupções”, explicou Reiss. “Mas quais sinais de tremor são verdadeiros precursores de uma erupção e quais são apenas ‘borbulhantes’ de fundo? Nossos resultados estabelecem as bases para melhorar a previsão de erupções no futuro.”
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